Bianco e Nero

Emilio Vedova é um artista bem ciente da mudança estética personificada por si e pela sua geração. Foi essencialmente um autodidata graças a aulas noturnas humildes e esporádicas. Durante a Segunda Guerra Mundial, Vedova transpôs as suas crenças para a sua arte. Em 1943, juntou-se ao grupo antifascista «Corrente», cujos membros estavam recetivos à ambição revolucionária da obra do veneziano. A partir deste ponto, a maioria das afiliações de Vedova acompanha uma posição artística. Por exemplo, foi cossignatário do manifesto Oltre Guernica em 1946, com o objetivo de promover a abstração expressiva. Um ano mais tarde, fundou o movimento «Fronte Nuovo delle Arti». Em 1956, continuou a levar mais longe os limites ao juntar-se ao «Gruppo degli Otto», tendo exposto com eles na Bienal de Veneza. Esta mostra é normalmente associada ao nascimento do influente movimento Arte Informale. Bianco e nero materializa o recurso de Vedova à abstração como forma de comunicar as suas inclinações e aspirações políticas. A composição é ambivalente, angular, acutilante e – como o título expõe de forma bastante simples – contrastante. A ideia transmitida é a de um ponto de rutura, de uma mudança necessária para evitar a acumulação contínua desta tensão irreparável.